Na sexta de manhã resolvi fazer a barba para parecer mais apresentável àqueles possíveis empregadores. Mas a pia tinha duas torneiras, uma de água quente, e uma de água fria. Como eu não sabia o que fazer resolvi tentar pela de água fria, mas a água era tão fria que dóia nos meus ossinhos da mão, e quando me resolvi pela água quente quase perdi os dedos na água pelante. E agora? A barba tinha que ser feita, e foi assim bem homer simpson, doendo o osso na fria, depois pelando na quente, de 30 em 30 segundos. Demência. Depois que contei ao latzo ele riu dizendo que bastava fechar o ralo da pia e misturar a água das duas torneiras.
Eu e carla resolvemos ir na agência de catering sugerido pela menina da sala dela, pois lá eles davam treinamento de graça, enquanto em outros lugares ou não empregavam sem treinamento ou cobravam 25 libras pelo mesmo. A agência ficava em hammersmith, a última estação da linha rosa, hammersmith and city, zona 2 no centro-oeste da cidade.
Como sempre eu me atrasei e quando cheguei lá a carla estava ligando para os anúncios de casas na revista leros, ela começava a se preocupar, pois que no sábado de manhã não tinha mais onde morar. Ela tinha ficado aquela primeira semana num albergue, que por sinal eu deixo como dica aqui, pois muito bem localizado, ele custou muito mais barato que minha acomodação longínqua, o quarto misto sai por 5 libras o dia. A outra opção que ela tinha era ir para a casa da mãe de uma amiga dela, que mora na zona 4. Deus nos livre de morar tão longe.
Eu, que não aguentava mais minha vida no walthamstow eslovaco entrei na onda, e comecei a ligar também, e não demorou até que eu achasse duas opções interessantes. Um brasileiro tinha uma casa perto da minnha escola, em bethnal green, zona 2, centro-leste da cidade, para dividir com outro cara por 65 libras a semana, e o mais importante, a casa tinha wireless. Marquei de encontrá-lo duas da tarde. Mas eu não iria ficar tranquilo com uma opção só, mas depois de rodar quase todos os números só encontrei mesmo a segunda, que parecia ainda melhor, em lambeth, zona 1 (!!) para dividir com mais 2 caras por 55 libras a semana. Eu que nunca tinha ousado sonhar em morar na zona 1, agora de repente havia sido iluminado. Essa parte da zona 1, ao sul do rio, não tem fama de ser muito boa, e todos dizem que as casa são péssimas, mas deus do céu era zona 1 e eu estava disposto a gostar a qualquer custo. Carla achou uma boa opção em poplar, zona 2, nas docklands (área de docas e canais) que fica no centro-leste. Então partimos em busca da workplace solutions, atrás de nosso tão sonhado primeiro emprego.
Na agência tudo foi estupidamente simples, preenchemos uma ficha lá com ares de currículo e pronto, estávamos empregados, com treinamento gratuito marcado para a segunda-feira próxima às 17h30. E mais, a senhora da agência perguntou se eu era inglês! E ao que eu neguei, ela perguntou há quantos anos eu morava aqui, com entonação de que deveria ser há muito tempo, e muito se surpreendeu quando eu disse que estava aqui há apenas uma semana. Bom pro ego. Parecia mentira pela simplicidade, mas tinha um porém, um grande porém. Ninguém paga em dinheiro aqui, e mesmo muitos lugares não se importando se você tem national insurance number ou não, todos exigem uma bendita duma conta num banco daqui, para que você possa receber. Perguntei a mulher lá se eu não podia entrar nossos dados bancários na segunda, quando viéssemos para o treinamento, e ela disse que sim, tudo bem.
Eu já havia ido a um hsbc - o banco que eu mais queria ter conta em, só porque tem também em maceió e isso me deixa mais seguro - e o homem disse que para abrir a conta eu precisava de um comprovante de endereço e meu passaporte, mas que a manutenção da conta custava 6 libras por mês, algo que minha canguice não permite pagar. O ladislav me disse que tinha conta no lloyds então eu também já tinha ido lá com a carla e a mulher disse que até aceitaria uma carta da escola confirmando o endereço mas que a manutenção custava 7 libras por semana. Foi assim que quando saímos da workplace solutions entramos desesperados numa agência do barclays, outro grande banco daqui, para ouvir o homem dizer que não iria poder abrir contas para nós - que teriam manutenção gratuita - sem que nós comprovássemos nosso endereço, e que esse comprovante só pdoeria ser uma conta no nosso nome. Agora como diabos eu arrumaria uma conta no meu nome aqui? Então ele disse que o melhor caminho era eu tirar uma carteira de motorista daqui. E eu ohei para ele com cara de desgosto e disse adeus.
Eu já tinha que ir encontrar o brasileiro que me mostraria a casa e a carla ainda tinha que ir se registrar na polícia então o problema bancária iria ficar para primeira tarefa da segunda feira. Quando eu cheguei no ponto de ônibus marcado com o cara lá, liguei e ele depois de um tempo me atendeu dizendo que ia demorar. E como demorou, e eu lá sofrendo com minhas mãos secas congelando no frio. Depois de minha espera eterna ele me ligou dizendo que estava num peugeot prata e quando ele surgiu entrei no carro. Ele estava acompanhado de uma mulher grávida e foi logo me dizendo que a casa que ele tinha disponível na verdade ele se enganara, ela só ficaria disponível dia 4 de dezembro mas então ele me falou que tinha outra casa perto de bow church, ainda naquela região e ainda zona 2 que era muito boa e que estava disponível para já. Eu que nao ia perder a viagem, fui.
O cara tinha toda uma pompa, de terno e gravata, carro novo, e um ar de executivo que só me fazia pensar em como era verdade que os brasileiros vêm aqui e conseguem ganhar a vida. A casa ficava longe do metrô e tinha que pegar um ônibus e eu já fiquei com pé atrás, achando tudo longe demais e difícil demais. Mas a casa era uma graça, eu dividiria quarto em cima, pagaria só 55 por semana, e a casa tinha tudo, até uma área para fazer churrasco no quintal e o mais inesperado, uma salinha, com tv e tudo - mais que raridade aqui onde casa nenhuma tem sala. A casa era nova, muito limpa e eu fiquei louco, como era melhor que meu buraco lá do walthamstow. E o ônibus passava de 6 em 6 minutos, e o metrô estava só três pontos à frente. Fiquei com uma vontade louca de fechar o negócio, tinha até um alemão na casa.
Mas aí ele pedia 3 semanas de depósito mais a primeira semana adiantada de forma que eu teria que desembolsar de cara 220 libras. Eu, que só tinha moedas no bolso. Pedi a ele para segurar a acasa até que eu falasse com minha mãe, ele disse que não podia, eu disse então que tentaria ligar no sábado de manhã, sabendo que precisava falar urgente com minha mãe pois no sábado ela não iria poder transferir dinheiro algum. Eu que não estava gostando nem um pouco da idéia de pedir dinheiro à ela, mas agora era pura necessidade. E o cara até aceitou que eu me mudasse só na sexta que vinha, para eu não perder o dinheiro gasto com a outra casa (que eu havia pago duas semanas).
Pedi para o cara me deixar perto da minha escola e disse que ligava para ele logo cedo sábado de manhã. Mas eu não conseguia falar nem com minha mãe nem com meu irmão. Mandei e-mails e fui perder minha paciência na aula chata. Como sempre não aguentei e saí no intervalo, mantendo invicta minha ausência na segunda parte da aula. Mas eu tinha marcado 17h30 com o felipe em lambeth para ver a outra casa, e tinha que correr. Acabei chegando lá só pelas 18 e meu deus como estava frio. Estava frio demais, mais que nunca. E eu despreparado só com uma blusa de frio e um casaco estava com as pernas congelando e as mãos à beira da grangrena.
Liguei para o felipe que depois de uns vinte minutos apareceu lá de bicicleta e pediu para eu ir pegar um ônibus ali no ponto e descer 3 à frente que ele ia me encontrar lá. Eu falei logo com desgosto e tem que pegar ônibus é, e ele fez uma cara de quem percebeu que eu não tinha gostado e disse é ué (eu e essa minha obsessão em morar perto do metrô). Quando eu atravessei a rua e cheguei no ponto ele me aparece com um boliviano e diz leva ele lá que ele vai ver a casa também. E la fui eu tentar me comunicar com o boliviano mas não deu!! Só saía italiano!! E o coitado não me entendia, e eu agoniado, acabamos ficando mudos esperando o ônibus. Só consegui extrair dele que ele mora aqui há nove meses com a família e não fala um a de inglês. E ainda se surpreendeu que eu tivesse vindo sem família e falando inglês.
Eis que passa um ônibus tão lotado que nem abriram a porta pro povo entrar. Ali era 20 minutos de ônibus da nata do centro e era horário de pico. Passou ônibus após ônibus, todos lotados, todos sem abrir as portas. E eu angustiado me sentindo mudo e morrendo de frio, realmente congelando. O tempo ia passando e eu cada vez com mais frio, mais impaciência e só pensando no felipe que estava me esperando já há quase uma hora. Eis que quando passa o oitavo ônibus, dá para entrar apertado, mas tinha tanta gente que eu nem via a janela nem nada, e eu deveria parar quando visse um posto texaco. Acabei descendo no lugar errado, claro, e olhei para o boliviano com cara de liga aí para ele que eu não quero gastar sem dinheiro e ele entendeu a mágica da comunicação não verbal e balançou o celular dizendo sin creditos.
Ligo eu para o felipe dizendo que não estava vendo posto nenhum e que estava perdido meu deus e ele disse que não sabia onde eu estava e que tinha ido embora porque tinha achado que eu tinha desistido da casa porque tinha que pegar ônibus e eu dizendo não todos os ônibus estavam lotados não era culpa minha e ele dizendo que nem tinha o que fazer mais porque a casa estava vazia a menina que estava lá tinha ido embora pro trabalho e nem adiantava ele voltar e eu de repente que vejo uma estrela da texaco lá longe em outra rua no meio de árvores e digo achei achei o texaco e ele diz foi mal cara não dá mais amanhá se você quiser eu mostro e eu tudo bem fazer o quê até amanhã. E olhando para o texaco no horizonte com ar de falido sou cutucado pelo boliviano que me diz dondé?
Eu fiquei abanando os braços tentando explicar à ele que já era que não ia ter mais casa para ver que o menino tinha ido embora e ele aparentemente sem entender e cansado de tentar perguntou o que eu iria fazer e eu disse que ia pra casa. Ele faz ah, e voltou a falar no celular em um espanhol corrido com sei lá quem. Fui em direção ao posto do texaco e resolvi pegar o mesmo ônibus que vim, na esperança de sair lá na estação de metrô. O boliviano entrou num ônibus na minha frente e disse deu xau com a mão e eu consegui achar o metrô e fui embora desiludido todo esperançoso de morar ali tão pertinho da london eye.
Carla mandou uma mensagem dizendo que tinha adorado a casa e já tinha fechado com o cara e eu mandei outra dizendo que ia esperar por ela debaixo da estátua do eros, em picadilly circus. E foi a vez que eu mais senti frio na minha vida, uma frente fria havia surgido rapidamente sobre londres e a temperatura era menos 3, e eu vestido para dez graus esperando no meio da rua. Os pêlos das mminhas pernas estavam tão arrepiados que pensei que eles iriam furar as calças. O resto do corpo parecia ir diretamente para um estado de grangrena. Carla chegou e fomos num tesco - supermercado - que tem ali perto comprar comida que eu nem tinha comido ainda e comprei uns pães lá que já tinha comprado outro dia e fomos comer onde? Lá debaixo da estátua do eros no meio do frio. Isso é que é ser mazoquista.
Mas chegou um ponto que não me aguentei mais, eu balanáca e tremia ao mesmo tempo e mal conseguia coordenar um movimento, então fomos para a leicester square e entramos num burger king em busca de um aquecimentozinho, mas lá ainda estava frio! Do meu lado estavam sentados uns espanhóis de meia idade barulhentos todos felizes falando por videoconferência no celular com outros espanhóis barulhentos e eu pensando em como a tecnologia voa. Quando eles saíram a mesa foi substituída por um grupo de adolescentes árabes punks com o cabelo todo duro para frente. Coisas de londres.
Menos sofrendo com o frio tempos depois viajei para casa, no sábado de manhã ajudaria carla com a mudança e tentaria arrumar alguma outra casa para mim, eu tinha que gostar daquela de lambeth, eu tinha.
Eu e carla resolvemos ir na agência de catering sugerido pela menina da sala dela, pois lá eles davam treinamento de graça, enquanto em outros lugares ou não empregavam sem treinamento ou cobravam 25 libras pelo mesmo. A agência ficava em hammersmith, a última estação da linha rosa, hammersmith and city, zona 2 no centro-oeste da cidade.
Como sempre eu me atrasei e quando cheguei lá a carla estava ligando para os anúncios de casas na revista leros, ela começava a se preocupar, pois que no sábado de manhã não tinha mais onde morar. Ela tinha ficado aquela primeira semana num albergue, que por sinal eu deixo como dica aqui, pois muito bem localizado, ele custou muito mais barato que minha acomodação longínqua, o quarto misto sai por 5 libras o dia. A outra opção que ela tinha era ir para a casa da mãe de uma amiga dela, que mora na zona 4. Deus nos livre de morar tão longe.
Eu, que não aguentava mais minha vida no walthamstow eslovaco entrei na onda, e comecei a ligar também, e não demorou até que eu achasse duas opções interessantes. Um brasileiro tinha uma casa perto da minnha escola, em bethnal green, zona 2, centro-leste da cidade, para dividir com outro cara por 65 libras a semana, e o mais importante, a casa tinha wireless. Marquei de encontrá-lo duas da tarde. Mas eu não iria ficar tranquilo com uma opção só, mas depois de rodar quase todos os números só encontrei mesmo a segunda, que parecia ainda melhor, em lambeth, zona 1 (!!) para dividir com mais 2 caras por 55 libras a semana. Eu que nunca tinha ousado sonhar em morar na zona 1, agora de repente havia sido iluminado. Essa parte da zona 1, ao sul do rio, não tem fama de ser muito boa, e todos dizem que as casa são péssimas, mas deus do céu era zona 1 e eu estava disposto a gostar a qualquer custo. Carla achou uma boa opção em poplar, zona 2, nas docklands (área de docas e canais) que fica no centro-leste. Então partimos em busca da workplace solutions, atrás de nosso tão sonhado primeiro emprego.
Na agência tudo foi estupidamente simples, preenchemos uma ficha lá com ares de currículo e pronto, estávamos empregados, com treinamento gratuito marcado para a segunda-feira próxima às 17h30. E mais, a senhora da agência perguntou se eu era inglês! E ao que eu neguei, ela perguntou há quantos anos eu morava aqui, com entonação de que deveria ser há muito tempo, e muito se surpreendeu quando eu disse que estava aqui há apenas uma semana. Bom pro ego. Parecia mentira pela simplicidade, mas tinha um porém, um grande porém. Ninguém paga em dinheiro aqui, e mesmo muitos lugares não se importando se você tem national insurance number ou não, todos exigem uma bendita duma conta num banco daqui, para que você possa receber. Perguntei a mulher lá se eu não podia entrar nossos dados bancários na segunda, quando viéssemos para o treinamento, e ela disse que sim, tudo bem.
Eu já havia ido a um hsbc - o banco que eu mais queria ter conta em, só porque tem também em maceió e isso me deixa mais seguro - e o homem disse que para abrir a conta eu precisava de um comprovante de endereço e meu passaporte, mas que a manutenção da conta custava 6 libras por mês, algo que minha canguice não permite pagar. O ladislav me disse que tinha conta no lloyds então eu também já tinha ido lá com a carla e a mulher disse que até aceitaria uma carta da escola confirmando o endereço mas que a manutenção custava 7 libras por semana. Foi assim que quando saímos da workplace solutions entramos desesperados numa agência do barclays, outro grande banco daqui, para ouvir o homem dizer que não iria poder abrir contas para nós - que teriam manutenção gratuita - sem que nós comprovássemos nosso endereço, e que esse comprovante só pdoeria ser uma conta no nosso nome. Agora como diabos eu arrumaria uma conta no meu nome aqui? Então ele disse que o melhor caminho era eu tirar uma carteira de motorista daqui. E eu ohei para ele com cara de desgosto e disse adeus.
Eu já tinha que ir encontrar o brasileiro que me mostraria a casa e a carla ainda tinha que ir se registrar na polícia então o problema bancária iria ficar para primeira tarefa da segunda feira. Quando eu cheguei no ponto de ônibus marcado com o cara lá, liguei e ele depois de um tempo me atendeu dizendo que ia demorar. E como demorou, e eu lá sofrendo com minhas mãos secas congelando no frio. Depois de minha espera eterna ele me ligou dizendo que estava num peugeot prata e quando ele surgiu entrei no carro. Ele estava acompanhado de uma mulher grávida e foi logo me dizendo que a casa que ele tinha disponível na verdade ele se enganara, ela só ficaria disponível dia 4 de dezembro mas então ele me falou que tinha outra casa perto de bow church, ainda naquela região e ainda zona 2 que era muito boa e que estava disponível para já. Eu que nao ia perder a viagem, fui.
O cara tinha toda uma pompa, de terno e gravata, carro novo, e um ar de executivo que só me fazia pensar em como era verdade que os brasileiros vêm aqui e conseguem ganhar a vida. A casa ficava longe do metrô e tinha que pegar um ônibus e eu já fiquei com pé atrás, achando tudo longe demais e difícil demais. Mas a casa era uma graça, eu dividiria quarto em cima, pagaria só 55 por semana, e a casa tinha tudo, até uma área para fazer churrasco no quintal e o mais inesperado, uma salinha, com tv e tudo - mais que raridade aqui onde casa nenhuma tem sala. A casa era nova, muito limpa e eu fiquei louco, como era melhor que meu buraco lá do walthamstow. E o ônibus passava de 6 em 6 minutos, e o metrô estava só três pontos à frente. Fiquei com uma vontade louca de fechar o negócio, tinha até um alemão na casa.
Mas aí ele pedia 3 semanas de depósito mais a primeira semana adiantada de forma que eu teria que desembolsar de cara 220 libras. Eu, que só tinha moedas no bolso. Pedi a ele para segurar a acasa até que eu falasse com minha mãe, ele disse que não podia, eu disse então que tentaria ligar no sábado de manhã, sabendo que precisava falar urgente com minha mãe pois no sábado ela não iria poder transferir dinheiro algum. Eu que não estava gostando nem um pouco da idéia de pedir dinheiro à ela, mas agora era pura necessidade. E o cara até aceitou que eu me mudasse só na sexta que vinha, para eu não perder o dinheiro gasto com a outra casa (que eu havia pago duas semanas).
Pedi para o cara me deixar perto da minha escola e disse que ligava para ele logo cedo sábado de manhã. Mas eu não conseguia falar nem com minha mãe nem com meu irmão. Mandei e-mails e fui perder minha paciência na aula chata. Como sempre não aguentei e saí no intervalo, mantendo invicta minha ausência na segunda parte da aula. Mas eu tinha marcado 17h30 com o felipe em lambeth para ver a outra casa, e tinha que correr. Acabei chegando lá só pelas 18 e meu deus como estava frio. Estava frio demais, mais que nunca. E eu despreparado só com uma blusa de frio e um casaco estava com as pernas congelando e as mãos à beira da grangrena.
Liguei para o felipe que depois de uns vinte minutos apareceu lá de bicicleta e pediu para eu ir pegar um ônibus ali no ponto e descer 3 à frente que ele ia me encontrar lá. Eu falei logo com desgosto e tem que pegar ônibus é, e ele fez uma cara de quem percebeu que eu não tinha gostado e disse é ué (eu e essa minha obsessão em morar perto do metrô). Quando eu atravessei a rua e cheguei no ponto ele me aparece com um boliviano e diz leva ele lá que ele vai ver a casa também. E la fui eu tentar me comunicar com o boliviano mas não deu!! Só saía italiano!! E o coitado não me entendia, e eu agoniado, acabamos ficando mudos esperando o ônibus. Só consegui extrair dele que ele mora aqui há nove meses com a família e não fala um a de inglês. E ainda se surpreendeu que eu tivesse vindo sem família e falando inglês.
Eis que passa um ônibus tão lotado que nem abriram a porta pro povo entrar. Ali era 20 minutos de ônibus da nata do centro e era horário de pico. Passou ônibus após ônibus, todos lotados, todos sem abrir as portas. E eu angustiado me sentindo mudo e morrendo de frio, realmente congelando. O tempo ia passando e eu cada vez com mais frio, mais impaciência e só pensando no felipe que estava me esperando já há quase uma hora. Eis que quando passa o oitavo ônibus, dá para entrar apertado, mas tinha tanta gente que eu nem via a janela nem nada, e eu deveria parar quando visse um posto texaco. Acabei descendo no lugar errado, claro, e olhei para o boliviano com cara de liga aí para ele que eu não quero gastar sem dinheiro e ele entendeu a mágica da comunicação não verbal e balançou o celular dizendo sin creditos.
Ligo eu para o felipe dizendo que não estava vendo posto nenhum e que estava perdido meu deus e ele disse que não sabia onde eu estava e que tinha ido embora porque tinha achado que eu tinha desistido da casa porque tinha que pegar ônibus e eu dizendo não todos os ônibus estavam lotados não era culpa minha e ele dizendo que nem tinha o que fazer mais porque a casa estava vazia a menina que estava lá tinha ido embora pro trabalho e nem adiantava ele voltar e eu de repente que vejo uma estrela da texaco lá longe em outra rua no meio de árvores e digo achei achei o texaco e ele diz foi mal cara não dá mais amanhá se você quiser eu mostro e eu tudo bem fazer o quê até amanhã. E olhando para o texaco no horizonte com ar de falido sou cutucado pelo boliviano que me diz dondé?
Eu fiquei abanando os braços tentando explicar à ele que já era que não ia ter mais casa para ver que o menino tinha ido embora e ele aparentemente sem entender e cansado de tentar perguntou o que eu iria fazer e eu disse que ia pra casa. Ele faz ah, e voltou a falar no celular em um espanhol corrido com sei lá quem. Fui em direção ao posto do texaco e resolvi pegar o mesmo ônibus que vim, na esperança de sair lá na estação de metrô. O boliviano entrou num ônibus na minha frente e disse deu xau com a mão e eu consegui achar o metrô e fui embora desiludido todo esperançoso de morar ali tão pertinho da london eye.
Carla mandou uma mensagem dizendo que tinha adorado a casa e já tinha fechado com o cara e eu mandei outra dizendo que ia esperar por ela debaixo da estátua do eros, em picadilly circus. E foi a vez que eu mais senti frio na minha vida, uma frente fria havia surgido rapidamente sobre londres e a temperatura era menos 3, e eu vestido para dez graus esperando no meio da rua. Os pêlos das mminhas pernas estavam tão arrepiados que pensei que eles iriam furar as calças. O resto do corpo parecia ir diretamente para um estado de grangrena. Carla chegou e fomos num tesco - supermercado - que tem ali perto comprar comida que eu nem tinha comido ainda e comprei uns pães lá que já tinha comprado outro dia e fomos comer onde? Lá debaixo da estátua do eros no meio do frio. Isso é que é ser mazoquista.
Mas chegou um ponto que não me aguentei mais, eu balanáca e tremia ao mesmo tempo e mal conseguia coordenar um movimento, então fomos para a leicester square e entramos num burger king em busca de um aquecimentozinho, mas lá ainda estava frio! Do meu lado estavam sentados uns espanhóis de meia idade barulhentos todos felizes falando por videoconferência no celular com outros espanhóis barulhentos e eu pensando em como a tecnologia voa. Quando eles saíram a mesa foi substituída por um grupo de adolescentes árabes punks com o cabelo todo duro para frente. Coisas de londres.
Menos sofrendo com o frio tempos depois viajei para casa, no sábado de manhã ajudaria carla com a mudança e tentaria arrumar alguma outra casa para mim, eu tinha que gostar daquela de lambeth, eu tinha.
Um comentário:
ahuahauhauah essa da pia foi otima, depois sou eeeeu a brôca!
nem sabia dessas suas buscas de lugares pra ficar frustradas rsrs, como foi q acabou isso?
menino saia de casa mais agasalhado ahauaha, se fizer calor eh menos pior do q frio!
árabes punks. nunca pensei q alguem alguma dia na minha vida fosse falar em arabes punks, ahauahauh, tooosco.
londres é doida viu. =p
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