sábado, 17 de novembro de 2007

the londoner #3

Os eslovacos tem uma visao muito diferente das coisas. Eles nao entendem que eu esteja aqui para passear, conhecer coisas, conhecer pessoas, me divertir e juntar dinheiro para viajar. Eles so entendem vir aqui juntar libras e voltar pra casa. A maioria dos eslovacos da minha casa trabalha numa fabrica encaixotando cds durante a noite, e eles nem ganham as 8 libras por hora que e o salario minimo noturno, eles so ganham 5, e o resto fica com a agencia que arrumou o emprego pra eles. Mas o chocante nao e o emprego deles, e o fato de que eles vivem como se essa fosse a opcao que existe, quase sem ambicoes. Por isso e tao ruim morar aqui, porque eu me sinto preso em um gueto muito distante de alguma londres.

Quando eu acordei no sabado eu queria sair, queria pegar um metro, um onibus e ir pro centro, ver coisas, pontos turisticos, tirar fotos do big ben! Mas o ladislav ficou sem entender de novo porque eu queria fazer isso, ja que na cabeca dele o centro e longe, caro e perigoso e ainda ficou estranhando porque e que eu queria agir como um turista bobo. Eu disse que eu era um turista bobo, entao fui para a lan house que fica na esquina de casa, e consegui falar com o henrique, um brasileio de niteroi que tinha vindo para da 10 dias antes de mim, eu o havia conhecido no orcute, junto com carla e ed. Carla chegaria no sabado, e o ed ainda nao tem data para vir. Sai da lan house e decidi que eu tinha que comprar um chip pro meu celular, eu precisa de um celular, e eu sabia o quanto eu havia sofrido nos EUA sem celular, mas no dia anterior eu tinha olhado no shopping, e era 10 libras so o chip, e mais 10 de credito pra colocar, ou pra top up, que e o que eles dizem aqui. Achei minha cara entao enquanto andava na feira que tem nessa rua aqui pertinho de casa entrei por acaso numa lojinha tosca dessas qualquer que tinha uns celulares pendurados e perguntei ao cara se ele tinha sim cards, que e como eles chamam chips aqui, e ele disse que sim, claro, com o ingles tosco que os arabes falam e eu mal entendo, entao ele perguntou que companhia, e eu sem pensar muito disse O2, que era a unica que eu conhecia, e foi assim nessa simplicidade que eu comprei num chip por 10 libras que ja vinha carregado com dez libras de credito, saindo tao de graca na minha cabeca que eu sai pulando feliz com o negocio.

Eu tinha pedido para o ladislav colocar os numeros de henrique e joane no celular dele, entao eu passei eles para o meu celular e mandei mensagens para os dois. Joane respondeu na hora, e ali mesmo marcamos de nos encontrar num cafe perto da estacao de tottenham court road, bem no centro. Ladislav claro, nao quis ir, e foi embroa triste e sozinho pra casa, resmungando que queria ver um filme hoje. Um filme em vez de ir pra londes num sabado a noite. Vai entender.

Todo saltitante e feliz eu chego na estacao do metro para chocantemente descobrir que a a linha entre a minha estacao e a proxima, ou seja, a blackhorse road estava fechada, mais antes de entrar em panico descobri que havia um servico de onibus fazendo essa rota no lugar. Foi la que descobri tambem que a linha victoria, a minha, ficaria completamente fechada no domingo, a na semana posterios fecharia sempre as 22h, por motivos de reparacao e reformas. Foi assim que tive minha primeira experiencias nos famosos onibus vermelhos de londres, e claro fui logo para o primeiro andar.

Foi realmente emocionante andar no primeiro andar de um onibus vendo a cidade inteira a noite, pena que o trajeto foi curto e logo eu ja estava no metro velho e chacoalhante da linha azul ate chegar em kings cross - a estacao do harry potter - para trocar para a linha preta. Qual nao foi minha surpresa quando eu descobri que o metro daui e louco. Louco. Uma mesma linha se bifurca em duas, tres, faz caminhos ao contrario, e eu claro, fiquei perdidinho com a linha preta, que se bifurcava quase que onde eu estava. Acabei tendo que pegar um pedaco da preta, a northern, e depois voltar pra azul claro, a victoria, e depois pegar a preta de novo, me perdendo e me achando ate que por fim cheguei na estacao de tottenham court road.

Joane me achou la na rua, aos pes do centre point, o unico predio alto do centro antigo, com uns 30 andares. O incrivel desse predio e que apesar de ser grande, ele nao destoa da uniformidade arquitetonica do cento, pois a aparencia dele e toda de um predio velho de pedra, mesmo com aquela altura toda. Lindo, quando eu puder eu mando uma foto para voces entenderem melhor. Mas nao era so aquele predio que eu via, era todo o resto, os predios, as luzes, a rua tomada de pessoas andando alegremente, os cartezes de musicais, filmes, pecas, eu quase nao conseguia pensar mas entrei no cafe com joane e colocamos nossas conversas em dia. Como foi bom encontrar alguem brasileiro, e ainda melhor, de maceio, deopis do que aprecia tanto tempo falando ingles com pessoas de sotaques escrotos.

Mais tarde o henrique me ligou e nos encontrou, joane teve que ir e eu e henrique saimos passeando pelo centro que ele ja conhecia, Andamos por theatreland (terra dos teatros) e fomos em picadilly circurs e eu nao tenho como demonstrar aqui no pouco tempo que tenho aqui tudo o que vi e senti, eu precisaria de muitas megas do gmail e muitas horas de paciencia para voces, mas eu posso tentar resumir tudo o que vi com: eu tive medo, muito medo, de nunca mais querer sair daqui desta cidade.

No domingo eu comecei a ficar aperriado com meu dossie para paris, que nao estava pronto, e entao eu precisva de internet, e nao so de internet, eu precisava de internet no meu laptop. Mas como? Eu nao tinha nem um adaptador para poder carrega-lo, e ele estava sem bateria. Entao achei um adaptador numa lojinha qualquer aqui na high street (rua que tem a feira) e comprei por uma libra. Mas nao funcionou, nao funcionava nao funcionava e como era domingo, aparentemente todo mundo estava de folga, entao tinha um monte de gente que eu nunca tinha visto na casa, e foi quando o vlado, um eslovaco que mora no quarto em frente ao meu, deu um jeito, enfiando a extensao que eu trouxe na tomada com a ajuda de uma chave de fenda, e eba! funcionou!

Esperei carregar e perguntei a joane onde eu podia pegar wirless de graca, e ela disse que em qualquer cafe la do centro. Marcamos em um starbucks coffee amado la no centro perto da oxford street e assim que carregou o laptop, eu fui para la. Mas nao deu certo, e eu ate agora nao entendo porque nao deu certo. Eu nao conseguia conectar em lugar algum, entao saimos de la e fomos em outro cafe, o nero, e de novo nada. Minha bateria ja ia acabar, depois de quatro horas tentando conectar sem sucesso e o desespero que so aumentava.

Acabei indo numa lan house cara ali perto, depois que joane foi pra casa, e com uma ajuda desesperada de silvano e nathalia, terminei as cartas de qualquer jeito e vi que so ia ter como terminar mesmo na segunda feira, nao adiantava mais me irritar. E eu ainda nem tinha visto o big ben.

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