E quando eu entro no ônibus pingando em lágrimas eu dou de cara com Olga Krell (professora de sociologia da UFAL que foi da minha banca no TCC), que sendo toda simpática - esquisita de novo pergunta se eu estou com alguma irritação no olho. Eu expliquei que estava indo para Londres e ele pareceu toda animada e ainda mais esquisita balançando minha mão e me desejando boa sorte. Eu gosto dela.
Inesperadamente eu dormi no ônibus e acordei já quando as pessoas desciam no aeroporto. Enquanto eu pegava minhas malas Olga Krell apareceu de novo para me cumprimentar antes de ir embora. Vários taxistas apareceram que nem urubus e ficaram me fazendo medo de ir sozinho dali até o aeroporto e era só atravessar a rua! Mas eu acabei seguindo os conselhos e paguei sete reais. Fui direto para o check-in, embora estivesse com apertado para fazer xixi desde quando saí de Maceió. Não com muita surpresa, minha mochila pagou 20 quilos, e o cara disse que eu tinha que despachar junto com a mala, que estava pesando só 19 quilos! Então eu usei a bolsa que Rodolpho colocou amarrada na minha e coloquei documentos e laptop e dei tchau para o resto.
Eu estava morrendo de fome, não tinha conseguido comer nada ainda desde que tinha acordado, então procurei algo pra comer e sem muita surpresa vi que o bob’s era a opção menos pior em custo - beneficio, e gastei 13 reais pra comer quase nada. Mas enfim. Então eu tentei achar uma conexão wireless pra usar, e achei, e conectei, mas ela ficou só conectada a rede local, e não a internet. Então eu vi que dois cafés lá tinham sua própria rede de internet, comprei um pastel de santa clara (caríssimo, 3,50) e pedi a senha. Conectei, mas novamente, só a rede local, nada de internet. Acabei fazendo nada e sem querer catar outra, eu tenho impressão de que e meu laptop que está desconfigurado ou que tem algo que faz com que ele não se conecte a internet, só a rede local, se alguém tiver alguma idéia aí, me avisa por favor.
O vôo saiu pontualmente as 19h20, e eu muito que me agradei da TAP. Os aviões pareciam novos, a distância para a cadeira da frente era um pouco maior do que eu esperava, e os comissários de bordo eram simpáticos e me deram um jornal de Portugal que fiquei lendo. Tudo foi muito, mas muito melhor que a desgraça da Delta Airlines por quem eu voei para os EUA, cujos aviões eram velhos, apertados e cheios de funcionários mal-educados.Teve o jantar básico, onde as comissárias não me entendiam direito, nem elas a mim, e depois eu fiquei ouvindo musica, e quando eu achava que já estávamos chegando, ainda faltavam 3 horas de vôo. Eu estava muito agoniado, com insônia, não dormi nada, e às sete horas pareciam que nunca iam acabar. Então depois de anos de espera as luzes reacenderam, veio o café da manha, eu com vergonha acabei não falando com o brasileiro simpático que foi do meu lado e o avião pousou em Lisboa, ainda de noite, a hora local era 6h, temperatura 11 graus Celsius.
O avião pousou do outro lado do mundo, descemos de escadinha e pegamos um ônibuzinho e cruzamos muito terreno até chegar no aeroporto, e então eu entendi a notícia do jornal que falava da polêmica na construção de um novo aeroporto de Lisboa, pelo visto mais que necessário. Lá chegando mandaram que entrássemos na fila de "todos os passaportes". Meu vôo para Londres saia as 7h50. A fila não andava, e eu finalmente conversando com o brasileiro simpático que ia para Barcelona; pensamos em mudar para a fila "passaportes de países língua portuguesa". Acabei mudando e me arrependendo de não ter mudado bem antes, visto que foi bem mais rápido e simples. Ganhei meu carimbo de entrada no espaço Shengen, que compreende a maioria dos países da União Européia (o Reino Unido não faz parte do Shengen). Então eu desci para onde as placas indicavam que eu podia pegar minhas malas, e me percebi sozinho e sem ninguém do meu vôo. Tentei voltar, e uma portuguesa não - simpática disse que eu não podia mais por ali, tinha que sair e entrar de novo pelo saguão principal. Eu perdido, puto pela dificuldade de entender um aeroporto que estava na minha língua, fui parar do lado de fora e não consegui descobrir como voltar. Isso era o mais bizarro do português de Portugal, talvez por que fosse a mesma língua e que portanto eu devesse entender tudo mais facilmente, coisas que eram palavras chaves importantes aqui no Brasil, eram diferentes lá, então eu não sabia como dizer check-in e portanto, não sabia nem como pedir informação, ¬¬.
Então entrei numa fila qualquer quando chamei uma portuguesa que parecia bem simpática. Ela me disse que eu já tinha feito check-in no país de origem, e que portanto minhas malas "seguiam" e que bastava eu embarcar de novo, mas onde? - eu perguntei, porque não tinha escrito no meu bilhete, então ela, realmente hiper - simpática, foi procurar informações e escreveu no meu bilhete, plataforma 20, mas eu ainda não sabia por onde ir para chegar lá, e ela disse vá em frente depois a direita. Cheguei numa nova fila, ganhei mais um carimbo no meu passaporte, de saída do espaço Shengen, mais detectores de metal e raios-x e cheguei na fila da plataforma, muito apertado (de novo, super Zé mijão!). Esperamos um pouco e pegamos mais um ônibuzinho para ir para muito longe pegar o avião da TAP de novo. Esse avião era menor, e eu fiquei num lugar meio bizarro, do lado de uma saída de emergência, em frente a um lugar que as aeromoças ocupavam durante o pouso e decolagem. Tentei manter atenção na paisagem portuguesa vista do alto, mas estava tão exausto que acabei dormindo. Mas eu estava faminto também, e acordei instantaneamente quando jogaram um sanduíche ruim na mesinha da minha cadeira. Comi e dormi de novo, e só tentei me despertar, com muita dificuldade, quando começamos o processo de pouso. A temperatura era de 1 grau, 10h20 na hora local.
Fui um dos primeiros a descer do avião e já desci correndo atrás de um banheiro, morrendo de medo de que não tivesse um antes da imigração. Depois de muito andar, muitos corredores percorrer, vi o banheiro do lado das imensas filas da imigração, uma para os europeus, outra para todos os passaportes. Fui ao banheiro e então finalmente minha cabeça ficou ocupada simplesmente com o medo de ter minha entrada recusada. Quando vi que não tinha preenchido o papelzinho de pouso, e saí da fila para pegar um, e voltei de novo muito atrás, a fila era realmente grande e passava muito devagar. Tinha alguns americanos, reclamando do fato de serem jogados junto com possíveis terroristas, muitos russas, todas vestidas exageradamente, quase como prostitutas, uns árabes, umas pessoas de origem bem estranha que eu não podia adivinhar de onde, e mais outros tipos. Vi um cara com o passaporte que parecia brasileiro ao longe, mas não tive coragem de me comunicar, e não sabia se achava melhor que só tivesse um brasileiro ou não, mas afinal, eles não pensariam "mais um brasileiro" quando fosse minha vez. Isso tudo eu morrendo de raiva de mim mesmo por não ter trazido uma caneta, pois eu achava que tinha preenchido errado o meu papelzinho, mas não poderia saber, e a fila andando devagar, e eu morrendo de nervoso. Então comecei a ver as pessoas recusadas reclamando e com cara de nervosas num banquinho do lado, e um cara que parecia americano gritando no telefone que a mulher da imigração disse que ele era um mentiroso e que ele não ia estudar lá e que ele queria se mudar para lá para sempre e tinha recusado a entrada dele e ele não sabia o que fazer pois tinha pagado super caro pela universidade e tal eu morrendo mais ainda pensando ai meu deus e eu que vou pra uma escolinha tosca de inglês? Depois de anos finalmente chegou a minha vez, e nesta hora, como todos os europeus e cidadãos do UK já tinham entrado, aumentaram o número de pessoinhas e criaram uma bifurcação na fila. Eu tomei a decisão de ir para o pedaço novo, indo para o pessoal da imigração que tinha recepcionado os europeus. Da fila, já perto da minha vez, eu reparei nesta senhora, de meia idade, bem sorridente, e que parecia bem simpática, e então que o cara que estava na minha frente foi para ela, e eu fiquei triste pensando que pena queria ter ido para ela, todos os outros pareciam mal-encarados. Mas o cara que estava na minha frente era americano, e foi super rápido, então era minha vez e a senhora simpática me chamava. Ela perguntou o que eu pretendia fazer na Inglaterra, eu disse estudar inglês, ela perguntou porquê, e eu disse porquê eu quero ser diplomata, hauahua, assim mesmo que nem uma criança que diz que quer ser astronauta, e eu tentando fingir que meu inglês era pior e que eu era meio burro, ela perguntou se eu não podia estudar inglês no meu país, e eu só consegui dizer "mas não é a mesma coisa", ela deu um sorriso semi-simpático e achou meu visto no passaporte. Então ela perguntou se eu tinha vindo de Lisboa ou de Porto, eu disse Lisboa, ela terminou de preencher o papelzinho, carimbou o visto e disse boa sorte. Eu quase sem acreditar que pudesse ser tão simples, com tantas histórias de gente que tinha as malas abertas e vasculhadas, e que faziam exames de raio-x na barriga para ver se carregavam drogas ou não. Mas vai ver que foi realmente bom que eu tenha ido para Gatwick, e não para Heatrow, que era o aeroporto mais perto de Londres, por lá e que dizem que tem a imigração mais insuportável.
Agora eu cruzara a linha de fronteira do Reino Unido, e ninguém mais poderia me tirar. Estava inflado e feliz e fui meio perdido procurar minhas malas. E meu deus não tinha esteira de aviões vinda de Lisboa então eu não fazia idéia de como ia achar essas malas, então eu só olhei para as esteiras, sem me importar de onde vinham os aviões, quando eu vi minhas malas assim do nada, dançando na esteira, hauhauah, ai sai correndo e peguei-as, entrei na fila do nada a declarar, e sai meio atordoado tentando me lembrar o que eu tinha que fazer no aeroporto. Passei num guichê e troquei meus dólares por libras, de forma que agora eu tinha um total de
Isso a mochila começava a doer nas minhas costas, e eu queria telefonar para casa, mas não lembrava de jeito nenhum aquele número da Embratel de ligar a cobrar, então fui direto para a plataforma, e deixei para telefonar da estação Victoria, para onde o trem me levaria. Alguma espera depois e depois de rasgar um pedaço da mochila chega o trem, e eu sento do lado de uma mulher, com as malas bloqueando o corredor, e eu morrendo de medo/vergonha. As paradas eram duas só, e bem rápidas, o trem era muito legal, novo e confortável. Eu me mudei para o lado de um velhinho para tentar acomodar melhor as malas, e ele muito simpático, quando saiu em uma das paradas disse sente no meu lugar e coloque sua mala no assento do lado, assim você fica mais tranqüilo. Isso eu sempre com um medo de não entender direito o que os ingleses falavam, mas ate então eu conseguia meio num método de adivinhação, mas o sotaque deles é realmente muito mais intricado, e difícil nas ruas.
Chegando à Victoria eu fui comprar bilhetes e expliquei para a mulher do guichê que tinha acabado de chegar e que não sabia o que comprar, eu disse que ia ficar na zona 3, e ela disse que tinha um bilhete que durava uma semana e que eu podia pegar qualquer transporte, metro, trem ou ônibus quantas vezes quisesse nesta semana, por
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